Chamam-me Mulher

Chamam-me mulher!

Essa que atrevida, pluraliza-me,

Quando me penso solidão.

Essa que me acolhe e instiga,

Saltando dos abismos e espelhos

Declarando-me aos meus silêncios.

Chamam-me mulher!

Essa que tantas almas tem,

Mas que incontida pelo sentir

Revira-me e sabe-me em afetos.

Essa que é dona de mim

Sem certidões ou posses.

Chamam-me mulher!

Essa que impulsiva me seduz

Com os sons femininos da poesia

E acesa, oferece-me ao verso.

Essa que atravessa desertos

E faz-se oásis para o universo.

Chamam-me mulher!

Essa que chega antes do tempo,

Remexendo o relógio dos conceitos.

Essa que deixa dores ao vento

E seca lágrimas no colo do sol

Ofertando-me as mãos do recomeçar.

Chamam-me mulher!

Essa que permite o mundo

Em seus braços repousar

E em cada sussurro do alvorecer

Fecunda-se sempre de vida

No útero do amor eterno.

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 08/03/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T6002