Delírios
Saibamos que temos preço
Que nossa loucura irá enlouquecer
Os hospícios
Saibamos que as paredes de lá
estão marcadas por almas sujas
Saibamos do santo remédio
Para não endoidecer
E que a tarde sentados naquele
banco do jardim interno
Era senão para que babássemos
a nossa insensatez
Saibamos que essas pessoas de branco
Sorridentes e polidas, não nos conhecem
Nenhuma de nossas fragmentações
Saibamos que ninguém nos olha
Senão para nos colocar rótulos
Saibamos que não somos só isso
Mas também aquilo que escondemos
Em caixas de sapato, em cofres, na memória
E que a nossa história é fadada ao cotidiano
Saibamos mais, mas não saibamos tudo
Isso pode nos fazer delirar
Milton Oliveira
16maio/2017