SOTURNAS LABAREDAS
Entender o que se esconde nos escombros da nossa alma,
aprender a domar os medos, os encantos, os sonhos,
ser capaz de reacender o vigor da fé.
A gente pouco conhece das nossas rebarbas,
dos nossos encardidos, do nosso chão.
Somos rebanhos desembestados buscando a luz,
catando quaisquer pegadas que digam de onde viemos.
Vou atrás das minhas sombras numa alucinada alegoria.
Cada vão das minhas dúvidas faz minguar o torpor
de não entender nada, não entender tudo.
Cada novo dia desnuda mais uma vértebra desta caça insana.
Estou mais calejado destas vozes bêbadas que só teimam em
azucrinar, despistar, desconduzir, desmamar.
Meus versos são socos que não consegui acertar nos inimigos,
meus ditos tentam levar ao delírio meu ser atroz,
meus fantasmas de mim mesmo, todos eles.
Então mais alado, mais folguedo, mais fugaz,
vou retomando minhas âncoras com as soturnas labaredas
que não consegui arrematar.
Daí só resta atracar em mim mesmo por fim.
Só resta parar de fazer careta para as imagens no espelho,
só resta ser feliz com a solvência inerte do desculpar.
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