AOS MEUS OBRIGADOS MIL
Obrigado meus tombos, minhas derrapadas,
minhas pisadas na bola, minhas quermesses
fantasmas que tanto teimam em sorrir.
Obrigado meus desencontros, minhas desafinadas,
meus engasgos.
Obrigado minhas traições, minhas frustrações,
meus enganos,
meus tiros ao vazio sem desculpa.
Obrigado meus desvios, meus remendos,
meus acenos sem eco,
meus berros abraçados e falidos.
Obrigado meus choros, minhas dores,
minhas almas perdidas.
Obrigado meus erros, meus desesperos,
meus gritos de dor.
Obrigado meus abandonos, minhas esperas ocas,
meus saltos no vazio,
minhas vassouras descamisadas de fé.
Obrigado minhas trincas, meus sonhos coalhados,
minhas trincas sem fim.
Obrigado meus desejos secos, meus trapos desarmados,
meus suores anônimos.
Obrigado minhas amantes, meus cabrestos,
meus versos maltrapilhos e solitários.
Obrigado meus filhos sem razão, meus ridículos,
meus absurdos, meus tempos enferrujados.
Obrigado meus sangues empedrados, meus gozos anônimos,
meus medos sem cor nem intenção.
Obrigado meus trecos ensandecidos, meus gigantes
desmiolados, meus ossos quebradiços,
minha nudez tosca e louca.
Obrigado meus porões encardidos, minhas almas
fétidas, meus vãos debandados ao luar,
meus fetos esgarçados e esmurrados.
Obrigado a todos, obrigado mesmo.
Foi no seu colo que saciei cada vértebra difusa do meu querer,
cada pétala absorta do meu esperar,
cada voz parida do meu amor.
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