A cavalgada da inspiração

Quando sinto o lascivo impulso criativo

Se aproximando em trotes descoordenados

Apenas o permito vir.

E vem

Correndo desenfreado

Sem laços sem cordas

Sem nós: vem só.

E em si afoga-se e de si devora-te

Todo até a carne

Até que derrame a pele do macilento rosto

E toda a aurea gordura escorre.

E entra com força e vontade

E punje-se de escória

Até ver roído o osso

E não mais existir o pó.

E finalmente emerge na alma.

Vangloria-se de sua auto luminosidade

Que se sustenta a si mesmo

Em banquetes etéreos e demasiados

E profanos e excessivos.

É gula.

E honra-se de ser gula e de comer até nao mais haver o que sempre existe.

Conclama a criação e

Se esbalda de eterna génese até que

Por vontade própria

Toma encosto no eterno divã do vazio.

Quando vem

Não pede

Não se instala sob licença:

Mas obriga ao navegante do corpo que lhe ceda todo o espaço que lhe convém.

E antes mesmo que acene ou

Torne sabido com um aviso ou sinal

Parte e toma outro rumo

Inimaginável

Intragável aos limitados olhos humanos.

Abandona

Deixando um rastro luminoso de

Ânsia e desejo e reprimenda.

Tão somente

Esvai-se.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 09/05/2017
Código do texto: T5994087
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