ORAÇÃO À MULHER SEM MAIS ROMANTISMO
(poema feito para glorificar o dia da mulher sem mais romantismo – a quem, em Sua homenagem, ergo uma prece)
Ah, a mulher sem mais romantismo!...
Vós,
que fostes a minha manhã, a minha pátria e a minha noite,
agora,
sem mais gestos ternos,
vedes perdida!...
[é tragicômico ser expulso do paraíso sem ter conseguido morder a maçã]
logo a vossa,
que com todo cuidado me chamava de querido,
e agora,
mordida, trata-me como amigo,
exato quando, extinto, havia um vulcão pronto à erupção!..
[destes um tempo ao vosso coração]
para seguires racionalíssima,
numa lógica eminentemente cartesiana... –
e, se à cata de batalhas,
fostes à luta,
caraminguás aquinhoastes, parcos em emoções!...
[por verdes pragmática]
fechastes as todas portas por mim escancaradas
e me transformastes em um inimigo público numero um,
por eu ter tentado ser,
além do vosso cúmplice, desejo e abrigo,
vós inteira, com direito a habite-se!...
[é tragicômico ter sido expulso do paraíso sem o saber da maçã]
embora consciente de que nada vos devolverá a gestos antigos,
hei de morrer vos perdoando indefinidamente –
quantas mortes me houver.