Pretexto

Eu não sou o padrão...

não encaixo não...

Nem tenho tanta disposição

Para aparar arestas

Não me queira assim

Não posso sonhar com um futuro que não reverbere

De uma tentativa de apaziguar a autodestruição criativa

Que me trouxe até aqui, me mantendo segura do medo do novidade

Da nova idade

Não tenho tempo para jogos

Eu só quero brincar

Livre

Associar dimensões

Ganhar os espaços

Para orbitar

Mais perto

De quem eu quero

De quem eu quero ser...

Será que você pode suportar

Não ter uma ilusão bonita

Uma doce mentira em suas mãos

Tudo que dói

Do interior se revela

São flores no cio da primavera

Que não souberam prever que ainda era outono pra nascer

Guardo as faltas mais ardentes

Os vínculos primitivos

Na visão de uma quimera

Um desaguar

As ausências em saudade

Pressinto precisar das tuas mão pra calejar

Sonhos de couraça craquelada

De quem está na terra pra germinar

Das tuas mãos para sentir

O barro disforme

Da recriação

Meu amor eu tenho pressa

Posso morrer

Mas não levarei comigo os sonhos

feitos de casas de sapê

e vasos pintados por várias mãos desiguais

Eles querem testar a paciência

Revirar ansiedades

Eles vem te perguntar

Se você se importa

Se todo o luxo, a cidade,

a civilização, a regra geral vierem a desabar

Se a tua loucura querida

Na tarde que caí

No fim de tudo

Quando as pálpebras cerrar

Se lá poderia te encontrar

Se seria nesse abrigo meu novo lar...