As Coisas do Avesso
É do avesso que falo
Eu não chego depressa nesse começo
Eu desconheço o futuro
Essa casa tem tantos muros
E tem quartos escuros
É do avesso que me esqueço
São os móveis da sala de estar
Onde eu nunca estou
Eu conheço uns rumos
E cheiro que vem do futuro
E tem uns vasos sem flores
E os lábios de vários sabores
É no avesso que teimo
São nos quartos que ardo
É a roupa feita de retalhos
Eu desconfio do futuro
É no presente que aturo
São os homens de aço
Meu caminho é de mormaço
São as nuvens sobre o mundo
É a chuva que sobre o espaço
É do avesso que sonho
Esses olhos que me olham
Me esqueço nas frestas do tempo
Eu não chego depressa nesse começo
São as coisas do avesso do avesso do avesso
Milton Oliveira
02maio/2017