INÚTIL

INÚTIL

Segredos, degredos, arremedos, medos,

Tudo na ponta dos dedos

A poesia flui chorosa

E não que ser ou ter prosa

O coração que bate apenas bate

Esperando que alguém o mate

Chora vermelho

E da ponta de um artelho

Nasce a escrita revolta

Absolutamente sem volta

Em um vazio de palavras

Em seara sem lavras

Um deserto de sentimentos

Apenas lamentos

Que se perdem na esteira do dia

E aplacam-se em ocorrências nulas

Em horas sulas

Que arrastam vida e morte

No mesmo compasso

Ou descompasso

De cabeça sem traço

Em que traças sobrevivem

De engolir percalços

Que geram nadas

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 05/05/2017
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