Sofro por morar no Rio de Janeiro
Sofro por morar no Rio
Sofro de amores por ele
E, também, por dissabores..
Sofro ao ver o homem olhando o mar
Vejo tristeza nos olhos do possível desempregado
Vejo também o sofrimento eterno dos picolés
Carregados nos braços dos que sobrevivem
A tristeza me invade ao ver tanto verde e,
lá, do ladinho, as casas dos que foram excluídos
No telhado um gato preto, no chão cachorro magro
O Rio que era feliz e ataulfamente falando não sabia
Vejo sangue nas ruas que eram brindadas em sambas
Vejo a mulata grávida do namorado sem esperança
Penso no que vejo e vejo no que penso
Desilusão...
Danço eu, dança você a dança da solidão...
Solidão de ser abandonado pela cidade corroída
Solidão de ficar em casa, com medo de respirar na tv
A morte nossa de cada dia