IMPERTINENTE

Mesa posta,

o assado, do domingo, bem temperado,

O melhor vinho,

Capricho nas taças

E pratos de fina porcelana.

A avó atreve-se,

Em meio à felicidade dominical,

A contar uma história que julgara interessante.

Nos poucos segundos de sua história,

A lâmina da foice cortou,

Ceifou sua impertinente língua.

Sangrou-lhe o coração,

Mas não podia chorar.

Afinal, lágrimas são coisas de gente velha,

Os modernos não choram.

Engoliu o choro, amargo

Com alguns pedaços do assado,

Embolados e empurrados por uns goles do melhor vinho.

Afinal, era domingo.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 30/04/2017
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