P R E C I O S I D A D E S (65)

MADRUGADA NO CAMPO

Com que doçura esta brisa penteia

a verde seda fina do arrozal -

Nem cílios, nem pluma, nem lume de lânguida

lua, nem o suspiro do cristal.

Com que doçura a transparente aurora

tece na fina seda do arrozal

aéreos desenhos de orvalho ! Nem lágrima,

nem pérola, nem íris de cristal . . .

Com que doçura as borboletas brancas

prendem os fios verdes do arrozal

com seus leves laços ! Nem dedos, nem pétalas,

nem frio aroma de anis em cristal.

Com que doçura o pássaro imprevisto

de longe tomba no verde arrozal !

- Caído ceu, flor azul, estrela última:

súbito sussuro e eco de cristal.