Aqui
Cotidianamente te sinto, mas não
sei se te ineditizo em palavras.
A água do córrego é tua voz,
líquida melodia em meu ouvido.
a chuva no meu corpo é tuas mãos
diuturnamente a me acariciarem.
Degluto rituais xicrins, zo'es,
paracanãs, soluçando mandingas
de velhos pajés -- solitários,
sob castanheiras -- decifrando
bordunadas (longes tuntuns),
o código-batuque nas sapopemas.
És tu, brincando nos abundantes
rios, lúdicos botos, nas águas
abundantemente enchendo/vazando.
Do líquido lar jamais reclamam,
(Habitat de vidas diversas.)
São caminhos d'água/ruas de canoas,
relógios de acordarcomerdormir.
Captam meus olhos a linguagem
verde destes variados signos
que elaboram esta paisagem
que emana lendas e mistérios
de tuas manifestações aquosas.
Estas palavras não registrariam
com justeza o arco-íris de todas
as míticas mensagens ancestrais
que traduzem tua vida vivida.
Nestes signos, muito é indizível.