Um acalanto
Os grilos cricrilam
no meu jardim.
Do céu as estrelinhas
me fitam caladinhas,
como se apenas sorrissem
para mim.
Queria ancorar meu barco
numa praia num dos mares
da Lua.
Contraio meu arco,
disparo uma flecha para
Antares, na direção
da constelação do Escorpião,
que emite um olhar zangado.
Rápido, fujo, amedrontado.
Saio a caçar sapos
na lagoa.
Mas hoje não é uma boa,
pois não há coachar algum.
Imagino que saíram em férias para Cancum.
Vou pela floresta
pisando nas folhas secas
na escuridão da noite de Anhangá.
Deixam-me apavorado
os olhos do terrível Boitatá.
-- Mãe! -- grito assustado.
E vejo: estou, em seus braços,
tão quente e agasalhado.
-- Mãe, cante uma cantiga de ninar!
Logo-logo, sua voz vai-me fazer sonhar.