PLAGIA/PRAIA

Ele escrevia sentimentos oceânicos, em versos rasos

Palavras, às vezes, são ondas colossais, mas não derrubam

Outras vezes são minúsculas marejadas, capazes de afogar

Suas versas mesclavam o sabor da espuma salobra

Com o doce prazer da ablução no mar inspirador

Cujo sabor de soro mitigava-lhe o torpor

Solitário em meio a multidão na areia

Ele escrevia suas dores, seus amores, suas cores

Suas alegrias nas entrelinhas do poema

Que ficava marcado na sílica molhada

Uma onda pesada avançou até a sua poesia desenhada

Apagou as palavras e voltou para o mar

Ele olhou para os versos afogados na areia, refletiu e sorriu

Correu em direção a onda que voltava

E mergulho em outra que já se formava.