Errata

Mês que vem ainda é futuro,

eu não sei esperar.

Sofro de ansiedade e essa maldade

humana não sei onde vai dar.

No rádio esse discurso de ódio,

nem vem,

eu ouvi, você não pode negar!

Na tevê não me vejo

na notícia do jornal,

pois o tal diz

que sou fardo para a nação prosperar,

daí a necessidade de me negar,

dizer que não tenho mais direito

e meu respeito descer pelo ralo...

Eu não me calo,

preciso dizer...

Mês que vem ainda é futuro,

não sei se duro até lá.

Meu presente

é muito duro,

não sei se consigo aguentar.

Vez por outra

eu até que consigo,

mas está difícil

de viver,

vê se me entende,

desse jeito é difícil,

o meu filho ainda nem nasceu

e o meu desejo está sendo abortado.

Você me olha de lado, não me faz cafuné e ainda deseja

que eu tenha espanto?

O meu canto

ninguém ouve,

ele é triste,

não sei o que fazer,

mês que vem

ainda é distante,

eu nao tenho mais canto, não sei onde vou dormir.

Aqui em mim

a vela da esperança

está no final,

eu mudo o canal,

mas a notícia é a mesma...

Eles querem de qualquer maneira que eu seja

o erro dessa nação marginal.

Espere, o plantão anuncia,

é preciso o aborto de nós

Porque somos o estorvo, e o sinal se fechou...

Sinto muito,

eu sou resistente,

não engulo no seco, estou de saco cheio desse desequilíbrio...

Enquanto não chega

o mês futuro,

eu preciso dar duro

pra dizer não aceito

todo esse

desrespeito seu comigo

E só fico calado

se de dentro de mim suas mãos arrancaram essa voz latente

em meu peito

insistente em dizer:

mês que vem ainda é futuro,

hoje eu dou duro

para você me engolir!