A GARGANTA

A garganta... que manta!

Mata ata e arrebata,

uma santa que canta

em segredo, silencia o medo

ou aponta o seu agudo

desembainhando

os seus enredos.

Garganta santa...

As vezes grita,

as vezes embala

as vezes cala sob sala

em aglomeração entre tantas

sai da vala

do casulo

cai no mundo

se embala.

Um dia entalou a fala

desencantou,

foi ao doutor

que adotou fervor,

e ao seu horror...

Desentalou.

E a garganta cheia de tema...

contem trema poesia

contem poema,

e diadema

de todos os dia.

Tem dia que se sente pequena

na reunião se abrevia

na feira...

Prega pragueja

e o povo aglomera

com sua frieira

e em sua frenesia.

Faz baderna na bodega

no palco...

Recita, narra

se solta, se amarra

... A garganta

tem lá as suas marras

seus agudos...

Grave, leve

seus encantos breve.

Todavia o mundo é movido

... Quando a garganta pia...

Ela amarra, desamarra

ela arrasta na marra

ameaça, faz fumaça

a garganta traça

como traça

e tece o amor

e a desgraça.

As vezes esta carinhosa

mansa, amansa

cai dos enredos

revela seus segredos

a garganta começa

logo cedo

cedo...

Muito cedo.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 26/04/2017
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