Insulado

Inserido em tal quadro

de desolação,

sobrevive este homem

abaixo do azul cerúleo do dia

e do ébano

pontilhado de olhinhos

(brilhantes!)

de curumins estelares

e noturnos

a observá-lo

(sem ele a sabê-lo),

curiosos.

Prisioneiro desta ostensiva horizontalidade

de mar, de praia e floresta,

decerto não refúgio esta,

mas hostil habitat

de clorofila agreste,

quem sabe a agredi-lo

feito labirinto

de incógnitos perigos

-- para este-um

mero rabiscador de letras, bipartido

(um ali na lousa de areia; outro,

aqui na de papel)...

Insulado náufrago,

planeja(ndo)

(a confecção de)

insanas asas

de um Ícaro

em insonoro desespero

aprisionado

nos grilhões

dessa imensidão inóspita

(de areia, água salgada e céu)

, lugar onde habita agora,

e que também ora o habita.