LIRISMO DE SAUDADE
A iniqüidade do teu corpo me consome
dá nome ao infame e ao infindo
e quando chega em flama nave de pouso
ao pó e à lama dispõe meu rosto.
Por outro, a brevidade avessa ao brio.
rescinde os contos de final argentário
nem fado é ungido à atalhar o frio
Tampouco o andante cessa do teu rio o curso
Vais e nem vento enxerga o alastro
Quisá largado rastro em desapego
à tua batida de bumbo sem compasso,
ao teu passo combinado com tempo cego.
No macambúzio ermo jaz meu aspecto
Pelos tempos que seu vulto não cruzo
Desmandado, errante quando não inquieto
Esvai-se - nas mesmas lamúrias - meu imo.
Porquanto que não se finda a espera
e mesmo se erro na previsão cantada
parada minh’alma ainda persiste avivada
e insiste no erro de viver tal quimera.