JAZ
Confessou a si mesma, no seu silêncio, tudo que jamais tivera coragem de pronunciar. Ficou estagnada com tudo. Tanta clareza naquele momento chegava a lhe arder os olhos. Despiu-se, rasgou as vestes: tudo era passado. Cavou seu túmulo e, sem uma lágrima, nele deitou-se. Enterrou aquele corpo com todas as dores, os arrependimentos e dissabores. Não era mais viável sequer um vestígio daquele corpo. Então, pisoteou sua sepultura na certeza que dali não mais sairia. Tomou uma rosa vermelha , a única no vaso de vidro fino em cima do móvel , apertou-a entre as mãos que sangraram com os espinhos , enquanto de olhos fechados aspirava seu perfume e em seguida , jogou-a sobre seu túmulo , virou as costas e partiu sem olhar para trás , batendo a porta . Das lembranças do passado só carrega agora , o perfume da flor e a cicatriz nas mãos .