Campos Exílios
Me formou pela calma dos ventos
Milhões de anos e ainda sou granito
Suas águas bateram contra minhas paredes
Infinitas vezes, se chocam, me deixam
E novamente se lançam com todas as forças
Mas ainda sou o granito
Olho os horizontes, o Sol se põe diante de mim
Mas sou granito, o que resiste ao vento e às águas
Eu senti a noite sobre mim
Senti tempestades violentas
Temperaturas extremas e os ventos cáusticos de poeira
Carrego em minhas costas as serras
Encostas e terrenos planaltos
Não os vejo, mas estão sobre mim
mais do que eu sobre eles.
Sou a rocha de granito esculpida por ventos e ondas
Sou indiferente aos mares e tempestades
Me ergo e me lanço
Meu movimento tem a força de bilhões de anos
Homens habitaram em minhas cavernas
Pássaros fizeram seus ninhos em minhas alturas
Abriguei animais que hoje jazem em meu granito
Todos se foram, mas sou granito não pude ir.
Eu sou o espírito que se fez matéria
A espera, a força, o tempo e a dor
Que se disse uma só vez, uma única vez
E se tornou aquele granito que ali se pode ver.