Campos Exílios

Me formou pela calma dos ventos

Milhões de anos e ainda sou granito

Suas águas bateram contra minhas paredes

Infinitas vezes, se chocam, me deixam

E novamente se lançam com todas as forças

Mas ainda sou o granito

Olho os horizontes, o Sol se põe diante de mim

Mas sou granito, o que resiste ao vento e às águas

Eu senti a noite sobre mim

Senti tempestades violentas

Temperaturas extremas e os ventos cáusticos de poeira

Carrego em minhas costas as serras

Encostas e terrenos planaltos

Não os vejo, mas estão sobre mim

mais do que eu sobre eles.

Sou a rocha de granito esculpida por ventos e ondas

Sou indiferente aos mares e tempestades

Me ergo e me lanço

Meu movimento tem a força de bilhões de anos

Homens habitaram em minhas cavernas

Pássaros fizeram seus ninhos em minhas alturas

Abriguei animais que hoje jazem em meu granito

Todos se foram, mas sou granito não pude ir.

Eu sou o espírito que se fez matéria

A espera, a força, o tempo e a dor

Que se disse uma só vez, uma única vez

E se tornou aquele granito que ali se pode ver.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 22/04/2017
Reeditado em 22/04/2017
Código do texto: T5977727
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