Poema para eu ler daqui a vinte anos
Observei meu passado,
Observei como quem observa o universo para saber como funciona.
Esta experiência, contudo,
Não trouxe nenhuma certeza se o que lembrei agora é funcional
Ou algo modificado pela minha observação.
Escrevo hoje para reler daqui a vinte anos
Com a pretensão de estar modificado.
Porém, o que foi do meu futuro?
Será que hoje, este presente, antes passado,
Foi o que espero que seja?
Ou chegarei a ler este poema daqui a vinte anos
Sem a mesma certeza do que ocorre hoje
serão lembranças modificadas pela minha observação?
Isso é muito para se pensar agora.
Há vinte anos quem eu era?
O que é necessário para podermos confiar no que passou?
Espero que daqui a vinte anos ao ler este poema
eu esteja menos racional do que no dia em que o escrevi.
Espero ler e pensar: “hoje, meu coração pensa primeiro”
O coração também não é confiável, porém a mente é menos.