Elegia aos Pombos
Passei com temor por aquela
nossa antiga esquina
no pequeno bairro triste
das pequenas flores,
não havia pombos no parque
ou grão suficiente que os sustentassem.
Imagino, enquanto faço a volta
aqueles bancos cinza,
impondo-se ao verde rasteiro
e as aves, uma escultura pensa
das infinitas tardes ao sol de outra vida.
Apressados como quase sempre,
como quase todos os outros.
Corremos, alucinados pelo encontro do destino,
porém, não gastamos tempo que fosse o bastante
para lamentar as minúsculas falhas e eram tantas,
que somando-as em rio
tornaram-se um mar e meio de distâncias.
O que fizemos de errado?
Eu não saberia ao certo quando, como,
ou estenderia os porquês da despedida,
mas envelheço só e continuamente
todos os dias, no caminho
entre a esquina e o parque,
sustentando pombos
ausentes do nosso amor.