EPITÁFIO

Aqui jaz um homem

Que gostava de sonhar,

De andar fagueiras madrugadas,

Contemplar noites enluaradas,

Decantar a beleza da natureza,

Amar, sorrir, protestar...

O tempo algoz sugou-lhe as forças,

A solidão atirou-lhe ao desalento,

A incerteza furtou-lhe a razão de viver...

Aqui jaz um homem,

Um ínfimo ser do mundo

Amado por poucos,

Ignorado por muitos,

Não foi sábio,

Não foi herói,

Não foi bandido,

Não construiu impérios,

Não conquistou a fama,

Não viveu a plena liberdade,

Não gozou todas as delícias da vida...

Aqui jaz um homem,

Simplesmente um homem,

Nada mais que um homem.