Longa jornada

Ando ao léu sozinho por essa estrada

Em suas beiradas há belas flores

E os ventos espalham seus odores

E me guiam para uma desconhecida jornada

E eu nasço e morro a cada novo dia

A aurora é a infância, crepúsculo a velhice

E de noite a alma descansa na planície

Para ter forças em continuar por onde ia.

E a jornada é longa e o mundo é sereno

E penso, por um segundo, que é possível,

Mas o mundo, antes sereno, se mostra impassível

E o chão muda, e é cheio de buracos o terreno

Sou criação de antigos deuses, sou antigo

Sou feito para o efêmero, sou alma mortal,

Mas o tempo dura e se estica, quase imortal,

A angústia surge, pois sinto nisso meu castigo.

E a estrada se alonga, e eu me calo

Sento, encolho, busco motivos para seguir,

Sinto o medo em mim pulsar, quase me definir,

E do fundo crio motivos para superar o abalo.

Mas a vida é assim, sempre para todos foi

Uma busca de motivo, um fraquejar constante,

Onde deixamos que tudo se perca, em instantes,

Sem perceber que nossa covardia que nos destrói;

Vinicius Marques
Enviado por Vinicius Marques em 18/04/2017
Código do texto: T5974375
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