Prece do poeta desentendido
Fiquei esperando
E nada ocorreu
Dediquei todo o meu tempo
Noite após noite
Até que enfim
Amanheceu
Desejei o despontar
Dos primeiros raios da manhã
E nada ocorreu
Fui tolo
Na minha ansiedade vã
Os pássaros costumavam cantar
Mas eu não pude ouvir
As flores costumavam se amar
E eu não pude sentir
O céu se debruçava em mim
Mas eu não pude cair
E em um sustento de mentiras
Agarrei todo o ar que eu tinha
E joguei lá no horizonte
Esperando ver a solução
Para os frágeis montes
Que se abalaram
Só por vaidades do porvir
Eu só ansiava sair dali
E chegar aqui
E não voltar
Mas agora que cheguei
Fico sentado a beira
Dos vales do ontem
Contando pétalas de bem me quer
Aguardando
O fim começar
Quem me dera
Não ter terminado
O ciclo do amar
Nas palavras inertes
Em versos de prece
De quem
Só queria se encontrar