CELA
Caminho nas ruas e mantenho as aparências
Enquanto isso o vento toca meu rosto
Eu, o silêncio e a dor
Aprendi a subsistir com ela
Enquanto meus pensamentos mastigam minhas entranhas
Estranho jeito de se devorar!
Eu apenas desfaço o semblante descaído
Óculos escuros e uma introspecção involuntária
Uma espécie de mascara sinistra
Um animal desprezado na via
Anônimo, anacrônico na multidão.
Não posso olhar o mar e os carros cortam o silêncio
Meus passos me levam para onde devo ir
Para amplidão de um mundo doente e fugaz
Quanto custa a liberdade?
Onde posso encontra-la?
Miragem paradoxal
Imagem translúcida da minha enfermidade
Estou liberto enquanto os grilhões me mantiverem nesta cela!
Rio, 16.08.2013