ALGUM VERSO
ALGUM VERSO
Penso em algum verso,
tão abstraído contemplando a tarde;
que cai lenta e eu nela submerso,
como algum verso oculto em minha alma;
que flui pela inspiração sem alarde,
envolto no ocaso que a tarde acalma.
Tão bom abstrair-se na leveza vespertina,
sem nenhuma pressa para compor:
quem sabe, um verso de flor campesina,
ou outro da destreza do beija-flor;
talvez um verso que fale da menina
que brinca inocente sem temor.
Como a menina, o poeta não teme
revelar o que compõe no fim da tarde;
emerge de sua alma que geme
emotiva, tomara que não retarde,
o sentido astral da tarde que se finda,
enquanto o verso emana da flor tão linda.
Antes que a tarde, sem o sol, desapareça,
retira o poeta, da beleza crepuscular,
algum resquício de verso anoitecido;
algo que emane do brilho do luar;
cuja centelha poética ainda resplandeça,
o resto do ocaso, pelo tempo, já esquecido.
Escritor Adilson Fontoura