A POESIA ME SALVOU
 
A poesia me salvou,
O índice da minha vida
Começava com as correntes
Que me atrasavam os passos
Causando-me o cansaço
De sempre querer
Voltar para o meu sarcófago.
Meu olhar brilhava vira-latas,
Ou seja, escorria sempre
No canto de cada olho
Uma pequena porção de lágrimas...
Dia após dia,
Queixava-me de dores terríveis
Em minha cabeça,
Meus músculos,
Meu estômago
E no coração...
A poesia veio me libertar
De uma vida de pregos,
Da tábua ensanguentada
Por todos os escravos do mundo,
Que são obrigados
A estender seus braços
Contrários a sua vontade,
Impossibilitados pela realidade.
No índice de minha vida
Viviam latentes
Fantasmas e serpentes,
Para a abstração que me consumia -
Uns deliberavam regras autônomas
Para dentro de mim,
Outros provocavam
A ira dissidente
Que’u cuspia deliberadamente.
A poesia, essa Musa majestosa,
Ao qual eu abandonei
Por estar cego, mudo e mouco,
Salvou-me do mundo dos normais,
Trouxe-me para o lugar
De onde eu nunca deveria ter saído –
O Paraíso Perdido dos Loucos!
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 12/04/2017
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