O PERNILONGO NO ESPELHO
Assisti de camarote,
a uma cena engraçada.
Um pernilongo no espelho,
se mirando alucinado,
com seu corpo nu,
no espelho estampado.
O pernilongo no espelho,
acreditando ser o Conde Drácula.
Tentava sugar seu próprio sangue,
imaginando que sua figura,
magra, esquelética e fina,
contivesse o mesmo sangue,
virgem, saudável e vermelho,
estampado nos lábios da menina,
que outrora, ali naquele espelho,
viera se pentear e os lábios se lambuzar,
de um vermelho estranho em seu batom.
Para dar um tom mais harmônico,
aquele cenário, o pernilongo,
vestiu se de terno e gravata,
e após afinar seu violino,
veio tocar um fúnebre hino,
bem pertinho de mim,
na tentativa de seduzir meus ouvidos,
com sua antiga canção de ninar.
Porem, mesmo eu não querendo,
participar daquela noite de gala,
onde o pernilongo solitário,
apresentava sua bem ensaiada sinfonia,
em um momento de descuido seu,
fui alvejado pelo arco de seu violino,
quando este o erguia em uma nota altíssima,
fazendo com que meu sangue,
frio e quase coagulado, dentro de minhas veias,
voltasse a ser agitado pela doida picada,
que seu arco me fez,
enquanto eu num momento de descuido,
assistia a aquela sua apresentação.
Nova Serrana 10 de novembro de 2010.