Canoeiros de Mossoró
Sim, em Mossoró havia canoeiros!
Meu avô Artur, seu pai e seus irmãos,
como tantos outros valentes do remo,
transportavam gente e mercadoria
de um lado a outro, corrente do rio.
Além das viagens anônimas do todo dia,
episódios históricos envolveram canoeiros:
O perseguido jornalista Martins de Vasconcelos,
para fugir dos seus algozes,
valeu-se do jovem Rodrigues Alves
– depois conceituado professor –
para, numa canoa, transportá-lo à margem da liberdade.
Mas, veio a década de quarenta,
e padre Mota – prefeito gordo e buchudo –
ergueu uma ponte sobre o Rio Mossoró.
O que para a cidade foi próspera iniciativa,
por outro lado, diluviou uma profissão.
Alguns viraram serventes e pedreiros,
outros foram ganhar a vida
na pedra dura do Mercado,
vendendo peixes e assados.
Um deles, porém, não largou o rio.
Contemplava-o dias e noites a fio...
Talvez, quem sabe, tentando compreender
que, como aquelas águas: tudo passa.