DESATINO

Esses gritos em desatino

horroriza o meu silencio

estraçalha meus timbres

como se fosse granizo

de pedras ou de papiro

demolindo-me por dentro

sacudindo os meus ouvidos.

Esses proscritos gritos,

no meu intimo, eu estico

não suporto ver engolido

esses meus frágeis ouvidos

com esses momentos de intrico

por gritos críticos atípicos.

Esses gritos sem tino

Adentram nos meus tímpanos

não duvido do meu digo

gritos são pétalas a mais

intuito de enguiço

ouça um grito, o que é isso?!

Um grito na estação

foi do apito do guarda

o trem gritará pelos trilhos

na hora certa se afasta

pra não causar descarrilo.

O que foi aquilo na noite...

Na sombra d'aquela rua

o urro do lobo na pedra

o risco no pio da coruja

os olhos e o meda se ajuda

no escuro... Deus me acuda!

No grito do desespero

a bomba matando irmãos

misera pelo mundo inteiro

ato estranho das nações...

Abandono da devoção.

O grito calado da noite

pelo amor que o tempo partiu

a alma brada o açoite

o peito, seu ato de foice

no silencio, ninguém viu,

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 09/04/2017
Reeditado em 09/04/2017
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