DÉJÀ VU
Não me queixo por nunca ter-te amado
Vivo-te no som tristonho do sax
Quando chora na vitrola um jazz
Na sensação de déjà vu sinto-te.
Viajo no clima escuro de uma saudade
Dentro dessa atmosfera de nostalgia
E de miragens.
A voz rouca e morna do cantor
O sentimento dorido por trás daquele olhar
Eu não me queixo se não te pude desfrutar
O beijo com sabor de uísque barato
E o cheiro de tabaco fluindo no ar
Ou o perfume misturado com tantos outros
De outras tantas mulheres que amou...
Se não subi no palco para prantear a dor do jazz
Mesmo sabendo que ali era um altar,
Era quase um novo e maravilhoso mundo, como Armstrong cantou.
Se ao fundo os casais a se abraçarem deflagravam minha solidão
Enquanto meus lábios vermelhos ressecam como pétalas arrancadas da flor
E eu só ouço a voz rouca do cantor, revivendo em mim
Resquícios do amor adormecido
Num velho quarto iluminado à meia luz. Déjà vu...
Esse lugar, essa canção, esse olhar de soslaio
Meu coração não se queixa
Porque a noite me faz te encontrar
E tu sabes como me sinto bem aqui
Em um canto escuro a te escutar.
Sou livre como Nina Simone
Na mesa dessa espelunca, nesse sombrio bar...
By Nina Costa, in 20/03/2017
Mimoso do Sul, ES, Brasil.
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