Sob medida
Devoro versos como quem devora saladas coloridas,
verdes, frescas, crocantes, nutritivas.
Escrevo versos com a alma,
com a calma que normalmente eu não verbalizo.
Quando escrevo, moldo o amor no seu tamanho real,
passo a passo, tempo a tempo,
ora na casa do bem, ora na casa do mal.
Eu simetrizo a variante, lateralizo o coração,
palmeio esse universo e centralizo a razão.
Sistematizo os sentimentos num traçado axial,
medido e comedido, anatômico, racional.
Hermeticamente contido.
Nesse anacronismo serial, duelam dois cognitivos,
dois pontos extremos:
A dúvida de quem somos e a certeza de quem seremos.