Tiquetaqueando

Antigamente

um realejo tocava

na construção do poema.

Antigamente

um outro mundo evocava

paisagens transfiguradas.

O tempo se reinventa

em tempos sem hora

e sem ponteiros guia.

Como engenheiro do nada

pendura suas miçangas

ante a falência dos minutos.

O bate-estaca das horas

em inútil mostrador

tic-taca as quimeras.

O cuco, um pardal morto,

olha o relógio sem pulso

e atrasa a vida em um século.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 09/04/2017
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