Desvendamento

Não sou eu quem vejo adormecida na cama,
no meu lugar,
cabeça no meu travesseiro.
A cada olhar atônito e rápido,
vira-se uma página,
mostra-se um novo rosto, uma nova imagem.

Não sou eu.
São mil mulheres que dormem ali por engano.

Eu sou o olho verde enorme
que paira sobre a cabeceira.
Um olho avulso.
Um olho na noite.
Uma energia livre de caixas e de formas.