ELEGIA À GATINHA MIMI
I
Mimi, Mimi, Mimi!
Onde você está?
Estou aqui procurando-a aqui e acolá
Ai, ai, cadê você, Mimi?
II
Mimi, Mimi, Mimi!
Linda gatinha que eu tive
Que pena que não mais vive
Como quisera que estivesse aqui
Aqui e agora junto a mim
Você que foi presente de minha filha
E ao perdê-la foi como banir-me numa Ilha
Onde me encontro numa solidão ruim.
III
Foi trágico o seu fim
Uma morte inesperada
Da morte que sempre é esperada
Mas que nunca é desejada
Que sempre longe estivesse
Oxalá nunca viesse
Levar minha gatinha amada.
IV
Mimi, Mimi, Mimi!
Viveu três meses de vida
Vidinha curta e bem vivida
Quanta alegria me deu
Acaricia-me e era acariciada
Pulava em minha cama de madrugada
E em mim se aconchegava
V
Cheirava-me e rosnava
E encostada em mim dormia
E eu dormia e sonhava
Que o amor nunca tem fim
Belos sonhos de paisagens
Caminhadas e viagens
E Mimi me acordava
No fim dessas paragens.
VI
Que bom se a vida fosse um sonho
E que o sonho fosse a vida
Mas sabemos que é dolorida
A vida para quem não sonha
Quer sonhando ou não
Só uma coisa é certa
Que a morte de boca aberta
Aos viventes abocanha.
VII
A morte sempre encontra a porta
Para roubar-nos o ente querido
E para ela não importa
Quem quer que seja ou a idade
Ceifa sempre a alegria
Deixa-nos apenas lágrimas
Prantos a chorar noite e dia.
VIII
Mimi, Mimi, Mimi!
Quem foi que a matou?
Pergunto, mas sei quem foi
Respondo-lhe e me dói
Foi o Cão autor da morte
Que usou de um consorte
E a sua vida ceifou.
XIX
Mimi, Mimi, Mimi!
Como gostaria que estivesse aqui
Que dor, que vazio, que tristeza
O pranto escorre em minha face
E o silêncio se esconde
Estou aqui e você está aonde?
Mimi! Chamo-lhe e não responde
Percorro a cozinha e a sala.
X
Somente o mudo silêncio fala
E eu me faço de surdo
Porque não quero ouvir nada
Nada me aquece neste quarto frio
Sem Mimi, que sempre foi presente
E pra sempre estará ausente...
Meu Deus que calafrio!