Camaleão ou Calango
E por que ser isto, aquilo
Ser o que quiser ser lido...
E ele é um homem comunista, adora New York
É de pensamento direitista, adora conforto, adora primeira classe, sala de aeroporto vip
Mas é um homem comunista
Fala de certas coisas como Venezuela, Rússia, Cuba e Açores
Mas não quer saber da Sibéria, do presidente só em Poesia
De Cuba apenas a medicina
Perguntei-lhe num dia de chuva se por acaso iria morar em Cuba
Ele desconversou, falou em pradaria, essas conjecturas sobre os índios norte americanos
Apertei-lhe e puxei o assunto para nossos índios
Ele desconversou, mas deixou uma dica: Nossos índios são sonhadores
Pensei comigo> Pelo visto índio americano do norte é comunista
E seguiu-se a tarde, o alarde da chuva, do frio pingo da goteira que pelo ritmo sorria
Quem sabe estava gargalhando das minhas provocações...
Num certo momento pediu-me um destilado, nem imaginaria que fosse Wihisky
Poderia ser cachaça, nem sei se cachaça é bebida comunista... Sorri por dentro
Servi o que eu tinha, vinho tinto seco, ele devorou, estava com sede...
Ainda bem que não falou de política, falou de tudo, menos política
Falou da bolsa de valores, do mercado fechado no Brasil
E nem fiquei assustado, deu-me uma vontade de chamá-lo de mentiroso
Mas que nada, fazia anos que eu não em encontrava com ele, talvez treze ou mais anos
Lembrei-me que na nossa ultima conversa, ele de rosto liso, não como agora barbudo...
E não é que coincidentemente falou-me que estava para raspar a barba, novos tempos
Foi-se embora como da última vez, nem olhou para trás
Sorri nada desconfiado, acho que já sabia das mudanças que em alguns acontecem
Camaleão ou calango... Um dia Camaleão noutro Calango
Mudam de cor