Coração trancado
Oi, cigarras!
Tenho cantos dentro d'alma
E não consigo me expandir.
Podia ter emprego do seu jeito,
Ficar alienando do meu peito,
Uma vez ou também sempre
O meu sentir.
Mas não, cigarras!
Tenho cantos dentro d'alma
E não consigo me expandir.
Pior ainda quando a noite
Vem fazendo se sentir...
Vocês se pegam em serenata
E a alegria de vocês assim contrasta
Com meu modo, triste modo
De existir...
Fim de ano, as chuvas chegam,
Vocês cantam.
E eu tenho cantos dentro d'alma
E não consigo me expandir.
(Belo Horizonte, MG/1972)