NA MADRUGADA

Na madrugada tudo é movimento,

Ao menos por alguns instantes,

Na madrugada tudo silencia em certo momento,

Até que as sirenes da polícia quebrem o silêncio,

Que traz a guerra,

Que traz a paz,

Na madrugada os ruídos da noite se misturam aos do dia,

E ambos, misturados, dão a luz a aurora,

Na madrugada rainhas descem do salto, viram mendigas,

No visual que tanto amam, e na moral que nunca tiveram,

Na madrugada a pobreza ganha vida, por meio de mãos que amam,

E que trazem a sopa quente, que cura corpo e alma de um mundo mau,

Na madrugada os "mendigos" são os reis, príncipes e barões,

Adaptados como os gatos aos imprevistos e intempéries da vida,

Na madrugada os travestis estão ai, as prostitutas também,

Testemunhas oculares dos atos, nada apostólicos, de seus "moralistas" clientes,

Na madrugada motoboys vingam-se do trânsito parado,

E chegam em seus destinos, sempre um minuto mais rápido, reis do asfalto, das ruas,

Na madrugada uns correm para salvar, outros para viver,

Outros para matar, depois de encherem a cara,

Como...

Eu,

Tu,

Ele,

Nós,

Vós

Eles...

A madrugada é assim, é de todos e não é de ninguém,

Onde as verdades não escondem-se, e mostram suas caras,

As madrugadas são negras, como um eclipse solar,

Um manto negro cravejado de estrelas, que iluminam minas noites...

ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS
Enviado por ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS em 03/04/2017
Código do texto: T5960399
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