NA MADRUGADA
Na madrugada tudo é movimento,
Ao menos por alguns instantes,
Na madrugada tudo silencia em certo momento,
Até que as sirenes da polícia quebrem o silêncio,
Que traz a guerra,
Que traz a paz,
Na madrugada os ruídos da noite se misturam aos do dia,
E ambos, misturados, dão a luz a aurora,
Na madrugada rainhas descem do salto, viram mendigas,
No visual que tanto amam, e na moral que nunca tiveram,
Na madrugada a pobreza ganha vida, por meio de mãos que amam,
E que trazem a sopa quente, que cura corpo e alma de um mundo mau,
Na madrugada os "mendigos" são os reis, príncipes e barões,
Adaptados como os gatos aos imprevistos e intempéries da vida,
Na madrugada os travestis estão ai, as prostitutas também,
Testemunhas oculares dos atos, nada apostólicos, de seus "moralistas" clientes,
Na madrugada motoboys vingam-se do trânsito parado,
E chegam em seus destinos, sempre um minuto mais rápido, reis do asfalto, das ruas,
Na madrugada uns correm para salvar, outros para viver,
Outros para matar, depois de encherem a cara,
Como...
Eu,
Tu,
Ele,
Nós,
Vós
Eles...
A madrugada é assim, é de todos e não é de ninguém,
Onde as verdades não escondem-se, e mostram suas caras,
As madrugadas são negras, como um eclipse solar,
Um manto negro cravejado de estrelas, que iluminam minas noites...