Madrugada Urbana
A insônia acompanha o interminável alarido
Da madrugada urbana,
Resíduo do Big Bang.
Rodas e motores transportam,
De lá para cá e de cá para lá,
Sonhos e sanhas de vária sina
E bares endireitam a política, o futebol e a vida alheia.
Suicidas esmeram-se para ser destaque
No telejornal da manhã.
Camas ringem de prazer
E ofendem a solitária
Do apartamento de baixo,
Que geme de dor
E da metástase.
Facas e armas de fogo
Se escondem da polícia:
A mancha de sangue no piloti do edifício
Não configura flagrante
E sumirá pela manhã
No pano molhado do zelador.