Madrugada Urbana

A insônia acompanha o interminável alarido

Da madrugada urbana,

Resíduo do Big Bang.

Rodas e motores transportam,

De lá para cá e de cá para lá,

Sonhos e sanhas de vária sina

E bares endireitam a política, o futebol e a vida alheia.

Suicidas esmeram-se para ser destaque

No telejornal da manhã.

Camas ringem de prazer

E ofendem a solitária

Do apartamento de baixo,

Que geme de dor

E da metástase.

Facas e armas de fogo

Se escondem da polícia:

A mancha de sangue no piloti do edifício

Não configura flagrante

E sumirá pela manhã

No pano molhado do zelador.

William Santiago
Enviado por William Santiago em 03/04/2017
Código do texto: T5960130
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