A Mistura dos Tempos
É um emaranhado de coisas
Um olhar cheio de vertigens
Uma mistura de tempos
Será uma palavra jogada ao vento
Um calar sobre a vida toda
Um canto há muito esquecido
Um cisco parado na janela branca
Há de ser ao menos um movimento
E aquela dança perdida nos quadris
Aquela moça com ar demente
Que sente que o amor chegará de repente
Com o pente parado nos cabelos vermelhos
Sorriso de menina e perdida por dentro
E desconfiada a vida tranca a porta de entrada
E se cobre de eras e de medo
Fica a saudade que abusa da memória
E ficam as ampulhetas com suas areias mortas
E fica um futuro mais próximo do amanhã
A nos coçar os ossos
Milton Oliveira
01abril/2017