BARQUEIRO E CARTA

Lá vai ele... O barqueiro,

com pedaço de rapadura

com seu barco, e seu saco,

e dentada com boca dura

Sacode seu remo ao vento

empurra n'água o remar

segue adentrando no rio

com vontade de chegar.

Em seu estreito espinhaço

sobre o leito deslizando

na pose de cabra macho

barqueiro distanciando.

Como lamina sobre as águas

segue encurtando a viagem

cada curva do rio, lagrima

da saudade em visagem.

O que tu leva barqueiro

com tanta urgência assim,

não, não é o mundo inteiro

não diga isso p'ra mim...

_ Levo carta com saudade

do pulsar de um coração

sonhos alem das margens

sopitando de paixão.

Levo vontade do amor

como se fosse um tom

nota com muito fervor

tilintando sonho bom.

Levo também uma sina

de amar longe dos olhos

uma vida que não rima

oceanos sem abrolhos.

Levo aqui um horizonte

sem alvorecer do dia

miragem alem dos montes

um sonho de fantasia.

Por outro lado o amor

levo com suas vendas

amar de longe é dor

ô bom Deus, me defenda.

Não deixe esse sofrer

parar no meu coração

não quero esse viver

amar longe, não e não!

Quero amor perto de mim

todo dia e toda hora

com diadema de cores

no céu da minha aurora.

Quero pássaros no quintal

em notas do meu coração

chilreando o carnaval

farfalhando o meu quinhão.

Anoitecer, quero sorriso

da noite toda enluarada

estrela d'alva eu preciso

iluminando minha estrada.

_ Barqueiro o que você quer

sinto muito, também quero

mas o querer e o vier...

Pertence ao mundo dos cleros.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 02/04/2017
Código do texto: T5958935
Classificação de conteúdo: seguro