Cidades espelhadas

Aliviaria a crueldade não ser nossa

homens e mulheres

ocos e ocas

em sorrisos congelados nessa aldeia

admirável

mundo novo;

Fosse do abril que chega varrendo

o calor dos corpos quando vivos de verão

gestados em primaveras floridas

coloridas à mão,

no tempo em que se coloria

e a fotografia revelava o mundo

e não a face, a mesma e retocada face,

a se contemplar no umbigo do lago,

o centro de gravidade da luz,

sublime luz.

A terra desolada não seria um canto

do poeta, um eco gritante

entre egos esvaziados de si

e a máquina do mundo não giraria

ainda e mais, sobre olhos

e mãos esquecidas de ser mão,

Vieira, Freud, Eliot e Platão.

Aliviaria não ser ilusão,

caverna, angústia, solidão

além de um exército de eus

narcisos, em cidades espelhadas,

repletas de luto e melancolia.