INICIAIS

Um dia, dez anos talvez.

Olhos sem lentes no tempo

Contemplada a intrepidez.

Nada no vale escasso,

Sem lastro e sem valentia

Na boca o gosto do aço

Águas de Sartre sorvia.

Hoje o grito: existo!

Afasta bajulação.

Amo o que fui no passado

Sem qualquer objeção.

A ironia de Nietzsche

E meus guturais nãos,

Por sua conta enlevou

A crença na ressurreição.

O cetro em mão alquimista

Livre do encanto a toar,

Faz do ódio e do ferro

A mesma medida insana

Sem no futuro pensar.

Um dia de cada vez

Elixir de longa vida

Um sonho padronizado,

Um caminho só de ida.

Tudo o que sou

Mostra você no meio.

O caminho é de mão só

De onde vim, nada mais veio.

Ancelma Bernardos
Enviado por Ancelma Bernardos em 01/04/2017
Reeditado em 01/04/2017
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