INICIAIS
Um dia, dez anos talvez.
Olhos sem lentes no tempo
Contemplada a intrepidez.
Nada no vale escasso,
Sem lastro e sem valentia
Na boca o gosto do aço
Águas de Sartre sorvia.
Hoje o grito: existo!
Afasta bajulação.
Amo o que fui no passado
Sem qualquer objeção.
A ironia de Nietzsche
E meus guturais nãos,
Por sua conta enlevou
A crença na ressurreição.
O cetro em mão alquimista
Livre do encanto a toar,
Faz do ódio e do ferro
A mesma medida insana
Sem no futuro pensar.
Um dia de cada vez
Elixir de longa vida
Um sonho padronizado,
Um caminho só de ida.
Tudo o que sou
Mostra você no meio.
O caminho é de mão só
De onde vim, nada mais veio.