Viver é um suplício,
Viver é um suplício,
Matar-se é suicídio,
Que eu faço então comigo,
Sozinho, em perigo?
Descanço tão distante,
As lâminas tão próximas,
O pânico falante,
O peso em minhas costas.
Vi um canto cor-de-rosa
Com cheiro de jasmim,
Mas quando for embora,
Meu Deus, tem dó de mim.
Suicidas no inferno
Imploram Não faz isso!,
Mas eu me desespero:
A vida é um suplício.
Sem mente para amigos,
Com dois pais expiráveis,
Só resta um dos destinos:
Não ver flores amáveis.
Viver é um outono,
As folhas todas caem:
Não há amor nem conforto,
Elas apenas... caem.
E penso em acabar-me,
Também ser uma folha,
Algum dia matar-me,
Ninguém se dará conta.
Vi um canto cor-de-rosa
De um pássaro estrangeiro,
Mas se ele vai embora,
Sou flor sem jardineiro
No frio da estação,
À espera do inverno,
Parando o coração.
Suicida no inferno...
30-3-2017