acreditar
eu acredito na continuidade das coisas
construo pontes
renovo asas
me banho de esperanças
sussurro ao vento
espero a propagação do eco
mas as paredes se fecham e muros se levantam
e a força do vento se desfaz diante de um horizonte infestado
de desenganos
recuo no mergulho das águas, como num mar de tormentas
e o rio de sonhos detém seu curso diante de um desvio na fissura da terra
tudo pára ou se abrevia ou se finaliza porque não tem o segmento da linha no horizonte
e o imaginário já não encontra beleza em dias azuis
e o casulo abriga palavras no silêncio de lembranças distantes criadas no tempo
morre a fantasia porque verdades não se inventam
agoniza
a alma da ave que se propôs voar
que traçou linhas como metas de alcance infinito
que fez poemas em janelas esmaecidas de brisas nas manhãs de todas as estações
que sobrevoou canteiros infinitos cheio de saudades por medo de perder o que não lhe pertencia
e eu ainda acredito na continuidade das coisas e nas pausas necessárias embora as asas se recusem voar
Margarida Di