acreditar

eu acredito na continuidade das coisas

construo pontes

renovo asas

me banho de esperanças

sussurro ao vento

espero a propagação do eco

mas as paredes se fecham e muros se levantam

e a força do vento se desfaz diante de um horizonte infestado

de desenganos

recuo no mergulho das águas, como num mar de tormentas

e o rio de sonhos detém seu curso diante de um desvio na fissura da terra

tudo pára ou se abrevia ou se finaliza porque não tem o segmento da linha no horizonte

e o imaginário já não encontra beleza em dias azuis

e o casulo abriga palavras no silêncio de lembranças distantes criadas no tempo

morre a fantasia porque verdades não se inventam

agoniza

a alma da ave que se propôs voar

que traçou linhas como metas de alcance infinito

que fez poemas em janelas esmaecidas de brisas nas manhãs de todas as estações

que sobrevoou canteiros infinitos cheio de saudades por medo de perder o que não lhe pertencia

e eu ainda acredito na continuidade das coisas e nas pausas necessárias embora as asas se recusem voar

Margarida Di

Margarida Di
Enviado por Margarida Di em 01/04/2017
Reeditado em 01/04/2017
Código do texto: T5957922
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