CONSUMIDORES DE ILUSÕES
CONSUMIDORES DE ILUSÕES
Submergir nas águas da lucidez,
Profundo âmago de quem poderíamos ser
E, assim mesmo, não somos,
Na observação que transcende os sentidos,
Entre os falsos amigos do ego,
Enquanto todos nos cobram a perfeição impossível,
O mundo nos vende o delírio cego de mil ideais,
Parcelando a paz em milhões de vezes com juros,
Em promessas e apuros impagáveis de comerciais
Que nos fazem consumidores de ilusões,
Em bilhões de mentes e corpos procurando ser
Nada menos do que inexoravelmente perfeitos,
Nada mais do que insatisfeitos, nessa eterna ânsia
De qualquer coisa que se possa querer
E fazer girar a economia de tudo...
Mas quem dera se alguém nos dissesse,
Desde cedo, que não precisamos de perfeição,
Mas de sensatez, entre o medo e a prece,
Entre o segredo e a messe dos dias que vão
Ensinando à alma o que o corpo esquece,
Nessa trajetória humana de inexatidão,
E, quem sabe assim, não seriamos mais
Compradores de aparências em promoções
Entre sombras e imagens virtuais
Entre desejos e ideais que nos fazem
Consumidores insaciáveis de ilusões.
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