Irrespirável
Semblantes levantados.
Não há a voz.
Escuto apenas coração questionador.
Vivo dias corridos.
Não penso, nem paro.
Talvez assim seja o ideal.
Porque o pensamento não descansa.
O silêncio não vem.
Nem as lágrimas regam o dia.
Na entre linha do hoje.
Acabo não contendo o orvalho.
É quase impossível.
Mesmo que o centro urbano seja agitado,
Há sempre alguma rua deserta.
Em que os anseios e a solidão estejam por lá.
Nessa renúncia me descubro.
Não procuro entender.
Apenas me reconheço.
Entre a dor, surge a luz.
Brilho que resplandece.
Aurora que há de vir.
Penso nisso.
Não descanso.
Corro e me canso.
Continuo.
Respiro e canto.