Angústia
Queria desfazer o nó da garganta
Desatar o aperto da gravata
Mas ele insiste e se agiganta
O refúgio numa bebida barata
Momentâneo, de pouco adianta
Sente-se verdadeira sucata
Queria jogar tudo para o alto
Despir a carapaça do paletó
Sem insônias em sobressalto
Respirar ar puro ao invés do pó
Dessas nuvens, desse asfalto
Não se perceber tão só
Queria parar o despertador
Acordar com o sol a pino
Ver o desabrochar de uma flor
Admirar lusco-fusco vespertino
Não sentir no corpo qualquer dor
Poder comandar seu destino
Queria ter menos manias
Nessa rotina de louco
Realizar fetiches e fantasias
Fazer-se, às vezes, de mouco
Sorrir de pequenas alegrias
Afastar aflições e agonias
Queria no seu dia a dia cheio
Viver sem receio,
Uma vida menos vazia...
Queria só um pouco....
Ser feliz um dia...